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Simon Cox - O Código Da Vinci Descodificado

Page history last edited by PBworks 16 years, 11 months ago
 

Simon Cox


O Código Da Vinci Descodificado – Guia não autorizado dos Factos por detrás da Ficção

Desinformações alternativas
  
   Aproveitando a boleia do sucesso do livro de Dan Brown surgiu uma legião de textos – uns mais antigos, reeditados como suas musas; outros mais tardios, assumindo-se como inspirados por ele. O Código Da Vinci Descodificado, de Simon Cox, segue-lhe na cauda, em livro e agora num documentário em vídeo.
 
   Embora com o mesmo título, os media diferentes resultam em obras diferentes. O livro não tem muito que se lhe diga: é uma espécie de cruzamento entre glossário e dicionário de símbolos, cujos verbetes estão naturalmente subordinados às cenas e personagens do romance. Dão-se informações de carácter historicista e oferece-se uma bibliografia aceitável, mas nada se acrescenta ao que se pode encontrar numa boa enciclopédia ou até mesmo na Internet.
 
   Já o vídeo segue o modelo dos documentários históricos mais sérios. Há aqui uma busca da credibilidade, pelo cruzamento de entrevistas – a escritora Lynn Picknett e o jornalista Clyve Prince, autores de O Segredo dos Templários, o etnólogo Mark Oxbrow, estudioso da (pseudo-templária) Rosslyn Chapel e o especialista de história das religiões Stephen A. Hoeller – discutindo algumas das hipóteses aventadas pelo livro de Dan Brown em confronto com o real geográfico, religioso, simbólico e, naturalmente, as obras de Da Vinci.
 
   Dan Brown descobriu uma receita. Aplicou-a em Anjos e Demónios ao espaço de Roma e do Vaticano, à obra de Bernini, deslindando uma conspiração dos «illuminatti» com a ajuda da cientista Vittoria Vetra. Mas Robert Langdon só atinge o estrelato em O Código Da Vinci, com 17 milhões de exemplares vendidos na última contagem. Por tal, não é a estrutura que seduz os leitores. Quanto às personagens agora abordadas, as histórias a que Brown recorre também já eram conhecidas. A maioria delas consta de livros assinados por autores como Gérard de Sède, em colecções especiais das editions J’ai Lu ou Robert Laffont. Salienta-se, de entre eles, As Mansões Filosofais, de Fucanelli, um dos primeiros a ler os sinais deixados nas pedras. A diferença poderá estar no modo como Brown divulga e combina as informações para compor a sua intriga. Pode dizer-se que condensou os «mistérios» de todos os livros «alternativos» editados durante os anos sessenta e entretanto traduzidos para o inglês (e para português). Daqui que nos surpreenda o ar de novidade e revelação com que são tratados alguns dos assuntos.
 
   Há «mistérios» que não têm resposta nem solução (ou deixariam de o ser). Como exemplo pode referir-se o número de ouro ((1+V5)/2=1,618…), a fórmula da divina proporção que preside ao crescimento em espiral das conchas, incensada por Euclides, explorada na construção do Parténon, chave da harmonia do corpo humano como o viu Vitrúvio e Da Vinci, e que vai ser usado por Le Corbusier ou Almada Negreiros – uma auto-organização da natureza que inspira a mais recente «teoria construtal».
 
   Outros mistérios continuarão a sê-lo em grande parte porque os documentos se perderam, ou nunca existiram – como o santo Graal, ou o casamento de Jesus com Maria Madalena. São matérias que subsistiram em cultos laterais, sendo a primeira fonte de alimentação da «New Age». A demanda do Graal, ou a da Arca da aliança, inscrevem-se nas grandes caças ao tesouro (vide os Salteadores da Arca Perdida). Mais do que a riqueza, dão o acesso à divindade (pela vida eterna, ou pela possibilidade de falar com deus). A ideia da dinastia Merovíngia como procedente de Maria e Jesus insere-se na tradição das origens divinas que os governantes invocam para si – a casa de Lusignan assumia-se como fundada pela fada Melusina; Isabel I de Inglaterra queria-se descendente de Bruto, filho de César.
 
   A grande questão que se coloca não é tanto porque é que um mundo inteiro se interessa de repente e desta maneira pelo conteúdo de um romance de aventuras, mas porquê o desespero em discuti-lo como verdade histórica.
 
   A vantagem de tudo isto, além de mostrar a riqueza da cultura europeia, é levar os leitores a debruçarem-se sobre os originais em que Dan Brown se apoiou. Entra aqui a contribuição de O Código Da Vinci Descodificado.
 
Helena Barbas [Expresso, 2005]
 
O Código Da Vinci Descodificado – Guia não autorizado dos Factos por Detrás da Ficção - Simon Cox - Trad. Mª. João Freire de Andrade - Pub. Europa América, 2005;  Vídeo – O Código Da Vinci Descodificado

 

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