| 
  • If you are citizen of an European Union member nation, you may not use this service unless you are at least 16 years old.

  • You already know Dokkio is an AI-powered assistant to organize & manage your digital files & messages. Very soon, Dokkio will support Outlook as well as One Drive. Check it out today!

View
 

Rilke, Pasternak, Tsvetaïeva - Correspondência a Três

Page history last edited by PBworks 16 years, 11 months ago

 

Rilke / Pasternack / Tsevetaïeva


Correspondência a Três


O encontro entre três grandes poetas no Verão de 1926

 

   Este é um livro estranho. Oferece-se como uma antologia de cartas entre três grandes nomes da poesia do mundo – Pasternack, Rilke, Tsevetaïeva. Mas tem grandes pretensões a ser mais do que isso.

 

   Boris Pasternak (1890-1960) nasceu em Moscovo, sendo filho do pintor judeu Leonidas Pasternak, e da pianista Rosa Kaufman. Como visitas lá de casa têm Sergei Vasilievich Rachmaninoff, Lev Nikolaïevich Tolstoi, e o poeta Rainer Maria Rilke (1875-1926). Boris estuda música, depois filosofia e troca uma possível carreira académica pela literatura. O seu primeiro livro de poemas, «Minha Irmã, a Vida» de 1917-21, tem enorme impacto na nova geração de bardos, e angaria-lhe a admiração de Osip Emilyevich Mandelstam e de Marina Ivanovna Tsvetaïeva (1892-1941).

 

   Este volume de correspondência entre os três grandes começa em 1925 com uma carta do pai Leonidas dirigida a Rilke, a reatar relações após um desencontro de 20 anos. Um intervalo cheio de convulsões – a Guerra de 14-18, a Revolução Russa de 1917, a (falsa) notícia da morte de Rilke – que empurram a família Pasternack até Berlim. Rilke responde, e lentamente estabelece-se o trio com Pasternack filho, e Marina. Está-se em Abril de 1926 – Rilke refugia-se de novo na Suiça, onde vai morrer a 29 de Dezembro desse ano, de uma nova doença do sangue diagnosticada como «leucemia». Boris e Marina planeavam visitá-lo em Setembro, mas vão adiando – e os três nunca chegam de facto a encontrar-se.

 

   Lily Denis, a tradutora francesa do russo, entrega a Eve Malleret os poemas de Marina e chama Philippe Jacottet para tratar os textos em alemão. E diz no enorme e bem fundamentado preâmbulo, ter surgido nos compiladores: «o legítimo direito de esclarecer, mesmo no prefácio, certos pormenores que permaneciam na sombra, e de completar o texto das cartas com a descrição das circunstâncias que forma o seu conteúdo e determinam o respectivo tom». (pág.23). O problema é que os esclarecimentos ultrapassam em muito o prefácio, as descrições das circunstâncias interrompem a leitura das cartas, e até os «tons» são carregados por estas interferências. Os comentários que interpolam e fragmentam as cartas (apenas marcados pela formatação não justificada à direita) introduzem muito ruído e explicações a mais. Depois, o livro vai dividir-se em dez capítulos organizados tematicamente segundo a leitura da compiladora. Transformar-se-iam, assim, as cartas de Rilke / Pasternack / Tsevetaïeva num romance de Lily Denis sobre os poetas, não fosse a existência de anexos e notas finais. Salvaguardada esta estranha composição, e o facto de nalguns momentos não se poder concordar com as interpretações oferecidas, o livro – com uma óptima tradução do francês por Armando Silva Carvalho – até é pedagógico e interessante de ler.

 

Helena Barbas  [Expresso 2006]

 


Rilke / Pasternack / Tsevetaïeva – Correspondência a Três - Trad. Armando Silva Carvalho - Assírio & Alvim, 2006


 

 

Comments (0)

You don't have permission to comment on this page.