Carson McCullers
Reflexos nuns Olhos de Oiro
O segundo romance da autora de Coração, solitário caçador
«Aqui têm Reflexos nuns Olhos de Oiro, uma das obras mais puras e mais eficazes que foram concebidas no sentido do horrível, base de toda a arte moderna de mais significado, desde Guernica, de Picasso às caricaturas de Charles Addams. Que tal?» (p.11). É deste modo que Tennessee Williams, no prefácio, interpela o leitor, recomendando-lhe o livro. Vem em defesa deste segundo romance de Carson McCullers, pois considera ter sido maltratado pela crítica após o sucesso da estreia com Coração, caçador solitário, (igualmente consagrado pelo cinema). Admite, no entanto, que este segundo trabalho já foi ultrapassado pelos textos posteriores (The Member of The Wedding e The Ballad of The Sad Café), onde se exibe uma maior mestria e maturidade da autora.
Editado em 1941, Reflexos nuns Olhos de Oiro veio a afirmar-se com o tempo, mas também a perder a dimensão do horror exaltada por Williams - faceta associada à linha de Faulkner e da escola sulista.
Num ambiente de quartel, meia dúzia de personagens - oficiais e suas mulheres – vão enlouquecendo, mansa e lentamente, de desejo e ciúme, até que a morte intervém de modos diversos. Como pano de fundo salienta-se a solidão dos indivíduos, especialmente marcada nos momentos de encontro - os jogos de cartas, e recepções.
Uma leitura agradável que clarifica o percurso de uma figura proeminente, ainda actual, da prosa americana.
Helena Barbas [O Independente, 28 de Julho de 1989, III, p.40]
Reflexos nuns Olhos de Oiro - Carson McCullers, trad. de Cabral do Nascimento, Relógio d'Agua, Lisboa (1989)
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