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Aleksandre Puchkine - Prosa Escolhida

Page history last edited by Helena Barbas 10 years, 9 months ago
 
Aleksandre Puchkine

Prosa escolhida 


Divulgação das novelas de um dos maiores autores russos
 
   Aleksandre Sergueevitch Puchkine (1799-1837) saudado por­ Gogol como «Talvez a única personificação do espírito ­nacional, talvez a antecipação do que o homem russo virá a ­ser daqui a duzentos anos.» é internacionalmente reconhecido­ como poeta. Logo em Ruslan e Liudmila, os primeiros versos ­escritos em 1817 e editados em 1822, rompe com a tradição do ­misticismo romântico em voga, evidenciando já as ­características que mais tarde o irão consagrar: a objectividade, o tratamento realista do material folclórico ­e tradicional que associa com referentes da cultura ­estrangeira.
 
   A sua preocupação com o social e as ideias liberais que­ propugna em A Aldeia, Natal e Ode à liberdade (1820), levam ­a que seja exilado para o sul da Rússia pelo czar Alexandre­ I e, em 1824, expulso do cargo que ocupava no Ministério dos­ Negócios Estrangeiros. Isolando-se na propriedade familiar ­em Mikhailovskoe, dá início ao seu poema mais conhecido Eugene Onegine - publicado em capítulos e só terminado em ­1833.
 
   Data igualmente daquele período a tragédia de ­inspiração shakespeariana Boris Gudunov. São estes dois ­textos, considerados como o ponto de viragem e emergência da ­moderna literatura russa, que vêm a estabelecer a sua reputação ­europeia. O recurso à objectividade, a que associa técnicas­ prosódicas inovadoras - como o uso do verso branco – atingem o mais alto grau no seu último poema O Cavaleiro de Bronze.
 
   Embora nunca abandone a poesia, no final da sua vida ­Puchkine ensaia-se na prosa, onde estão ainda patentes as ­suas preocupações políticas. No romance histórico O Mouro de ­Pedro, o Grande, de 1827, biografa seu bisavô materno, Abraão Aníbal, um príncipe abissínio capturado pelos turcos ­e oferecido àquele czar.
 
   São, no entanto, as suas novelas, agora traduzidas para­ português a partir da Russia, que o vêm a divulgar como ­prosador. Neste livro encontram-se reunidas as mais famosas: Novelas do defunto Ivan Petrovictch Belkine - um conjunto de ­cinco pequenos textos - em que Puchkine utiliza a estratégia ­de atribuição da sua autoria a um terceiro indivíduo, ­assumindo-se como apenas seu intermediário. Igualmente em A ­Filha do Capitão - que tem por assunto a revolta de ­Pugatchov - vai recorrer a um narrador em segundo grau, ­muito ao estilo do que mais tarde virá a ser a prática de­ Jorge Luis Borges. Dubrovski, que se baseia na deturpação de um processo legal­ autêntico, diz-se inacabada, talvez­ porque não apresente um final feliz, como o exigiam as ­regras do tempo. Em A Dama de Espadas, usa um discurso­ voltairiano para desenvolver um tema fantástico, com muitas­ afinidades com a escrita de um seu contemporâneo americano, Edgar Allan Poe.
 
   Para além do interesse dos próprios textos, de uma tradução ­quase sem falhas, e do módico preço, torna-se curiosa e exemplar a preocupação dos editores: «Esperamos que as obras ­dos clássicos russos e dos autores modernos editadas em português permitam aos leitores estrangeiros um melhor ­conhecimento da cultura do nosso povo.» (p.4)
 
Helena Barbas [O Independente, 21 de Julho de 1989, III p.43]

Prosa escolhida - Aleksandre Puchkine, trad. José ­Augusto Pereira da Silva, Raduga, Moscovo (1988)

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